quarta-feira, 26 de setembro de 2012
sábado, 22 de setembro de 2012
Debate dos candidatos a prefeito de Divinópolis é mais do mesmo
Assisti ao debate dos prefeitáveis
de Divinópolis, na TV Candidés, na quinta-feira (20).
Tudo muito mais chocho do
que o esperado.
Goro, sem suco nem miolo.
Sem contundência, força ou
vigor para provocar o eleitor, demudar opinião, voto, intenção ou evocar
esperança.
A oposicinha tentou, mas
não mijou no poste. Não marcou para valer o terreno nem conseguiu fazer tábula
rasa do manjado coitadismo do tucano prefeito Vladimir Azevedo, visivelmente mais
preocupado em destilar auto-elogios a uma gestão medíocre, tocada à buliçosa
caiação sob o coro das “belas” violas publicitárias. Tudo anêmico, o
recandidato só evidenciou a dificuldade de se colocar para o bem comum sem
colar o próprio ego ao protagonismo ou à necessidade de aplauso. A memória
recomenda e o ditado é antigo: elogio em boca própria é vitupério.
Mas, na atmosfera de
ladeira abaixo, deu para reforçar algumas convicções:
1 – a forma de se fazer
alguma coisa é mais importante que o resultado. O resultado, em parte, é
consequência da forma e até aí o debate não trouxe novidade alguma. Na política
local, nada de novo sob o sol, senão a reprise das velhas fórmulas: a
comodidade de querer dizer coisas novas sem conciliar antigas verdades;
2 – quando se pensa nas
coligações, quantas e maiores forem, fica patente que há por trás muito mais
interesses do que gente interessada;
3 – continuísmo não
significa avanço, caminhar para frente. Pode ser apenas a acumulação de mesmos,
outros erros. A contrapartida das críticas às administrações anteriores é [deveria ser] óbvia: é preciso fazer
diferente e muito melhor do aquilo que foi criticado, pôr em prática tudo o que
se promete(u) e este não é o caso da atual gestão. Por aí, basta a mentira de que a UPA da Ponte Funda está funcionando;
4 – certas ideias têm verniz de renovação, mas são conservadorismo do pior tipo: pretende-se
apenas substituir as coisas más que existem por outras piores ainda. Proclamar
Trabalho e Honestidade ou Ficha Limpa não impõe nenhuma vantagem competitiva. É
[deveria ser] o pressuposto mínimo de
obrigação moral, para todo e qualquer candidato;
5 – uma coisa só é
realmente nova quando satisfaz à legitimidade de uma pretensão antiga. Algo que
se traduz em um aspecto elementar que é, por exemplo, o respeito aos impostos
pagos pelo contribuinte, como no caso do IPTU. Mais do que respeito, compaixão pelo dinheiro do contribuinte. Quando olho a rua da casa, do
bairro onde moro, concluo sem ressalvas: a cara da rua é o focinho da prefeitura
e o que vejo é uma lambança. Onde a prefeitura negligencia, o abandono tripudia,
o mau exemplo impera e deseduca a população;
6 – as alegações de paternidade
das obras públicas apenas denunciam o paternalismo enrustido, egotista, prática das
mais caducas que subestima o eleitor. As obras públicas ao povo pertencem, porque
o povo é quem paga – e caro – por elas. Mas os discursos só reprisam que o
povo, que nem casca de ovo, está sempre por fora.
Somadas e subtraídas as
nulidades aos interesses das partes e partidos, alguma intenção reconhecível, ensaiada
ou escapulida na (auto)defesa abstrata de algum princípio, ideologia, promessa
ou proposta até (porque alguma, vá lá, emerge da geleia geral), o debate foi proveitoso.
Inclusive para confirmar: Faça um político e seus correligionários trabalharem,
não os reeleja!
E não reeleja pela razão de
que certas poltronas, se não corrompem, acomodam e amolecem aqueles que já se
folgam achando-se donos das poltronas, embora apenas transitoriamente as ocupem.
No mais, exceto os
péssimos, todos os candidatos são ótimos.
Ruim sou eu, eleitor, que
não mereço tanta bondade.
E nada tenho a defender,
senão a liberdade de consciência que até trocaria de bom grado por um voto ou alguma
nova convicção. Se a vislumbrasse no horizonte.
domingo, 9 de setembro de 2012
Um dia, na aldeia
“Era
uma vez na Amazônia a mais bonita floresta
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d’água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas (...)”
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d’água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas (...)”
“(...)
pra gente que tem memória, muita crença, muito amor
pra defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
era uma vez uma floresta na Linha do Equador...”
(Saga da Amazônia, Vital Farias)
Venha compartilhar comigo um
capítulo dessa história – nossa história,
no lançamento do livro “Ninauá”.
no lançamento do livro “Ninauá”.
Dia 13
de setembro, às 20 horas, no Centro de Artes da Praça do Santuário.
sábado, 8 de setembro de 2012
No pódio, o disparate
Imagine que você tem 12, 13
anos. Está em plena idade que os franceses apropriadamente chamam de l’âge bête. Você sabe que seu
colégio não pode reprovar ninguém, sabe que a aprovação é automática. Fala
sério, você vai queimar as pestanas em cima dos livros?
Mais tarde um pouco, ao
escolher se vai ou não para a faculdade, você, se é aluno de uma escola do
Estado, sabe que tem vagas garantidas e, portanto, vai continuar a poupar suas
pestanas. E se é aluno de uma escola privada, vai ficar desestimulado pois sabe
que pelo menos 50% das vagas já têm dono.
Sim, esse é o novo sistema
de cotas: 50% das vagas serão disputadas por todos os vestibulandos. As
vagas restantes – lembrem-se, os outros 50% - irão para os alunos das escolas
públicas.
Será que algum burocrata
pensou na qualidade das turmas nas faculdades? E nos professores que terão que
lidar com o aluno chegado de uma escola Triplo A sentado ao lado de outro de
uma escola que era indigente até em giz?
Tudo isso com que intuito?
Fazer justiça social à custa de nossos jovens? Não era melhor e muito mais
decente reformar nosso sistema de ensino e transformar nossas escolas públicas
em ilhas de excelência?
E que não me venham com a
‘direita nefasta’ contra a ‘brava esquerda’ dedicada ao bem comum. Pois nenhuma
das duas cuidou do essencial - da Educação. Caso contrário hoje estaríamos
a meio caminho de uma situação como a da Coreia do Sul que levou 20 anos – uma
geração completa – mas saiu do atraso feudal que a envergonhava.
Ao ler sobre essa nova
absurda quantidade de cotas destinadas a quem não tem culpa de nada e que vai
continuar sem saber o que lhe aconteceu, fico tentando imaginar o que se passou
na cabeça dos burocratas que mangicaram
essa barbaridade.
Jurar não posso, mas quer
me parecer que eles acharam mais fácil e menos trabalhoso diminuir as
exigências na hora do ingresso na faculdade. Os pais vão ficar felizes – meu filho está na faculdade!
– e o Estado está livre de explicar porque a maioria não passa no exame de
acesso. Que pode continuar a ser haddadiano,
afinal, as cartas já estão marcadas.
O curioso – será? – é que
nós já tivemos escolas públicas da melhor qualidade. Não conheço de outros
estados, por isso peço permissão para citar apenas escolas do Rio: Pedro II,
André Maurois, Amaro Cavalcanti, Desembargador Oscar Tenório, Soares Pereira, e
muitas outras. Ser professor de Escola Pública e fazer carreira no Estado era
uma honra. A cidade conhecia e valorizava seus mestres.
Faziam parte da elite
quando ser da elite significava ser o ‘que há de mais valorizado e de melhor
qualidade em um grupo social’.
Será que hoje, ao
contrário, quanto mais rasteiro, melhor?
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